quinta-feira, 22 de março de 2012

Noite!

Chuva fina e mansa caindo lá fora, molhando a praça vazia em uma noite sem estrelas. Vento suave que balança as folhas da única árvore que sobrou. As gotas da chuva respingam no vidro transparente da janela. Atrás desse vidro um rosto que tudo observa, que tudo contempla. Tudo tão sublime. Então, o rosto que tudo observa está molhado, não pelos pingos de chuva, pois eles não ultrapassam o duro vidro da janela. Esse rosto está banhado em lágrimas. Lágrimas tão profundas que parecem arrancar a sua alma e transpô-la ao lado de fora da janela, no meio daquela praça vazia, com aqueles gelados pingos de chuva que cortam seu cérebro e atrofiam todas as partes de seu corpo. Estagnado está esse rosto, e submerso em uma imensa solidão e uma imponente angústia. Ai, ai, ai... Esse rosto abriu a janela de vidro e ficou molhado. Teve que secá-lo. Por fim, esqueceu-se de sua alma, a qual as lágrimas tentavam transpô-la para o lado de fora da janela...