quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Irmãos de Jesus? Filhos de Maria?

Que nada, isso foi criado por quem não ama Maria, a mãe de Jesus!

Os Evangelhos falam de irmãos de Jesus: “sua mãe e seus irmãos” (Mateus 12,46-47; Marcos 3,31-32; Lucas 8,19-20). Mas essas passagens falam em irmãos biológicos ou é uma questão de tradução?
Os irmãos de Jesus eram “primos”, “primas” ou ainda “amigos próximos”, isso porque as línguas hebraica e aramaica não possuem essas palavras e nesses casos usam a palavra “irmãos”. Esse termo é empregado para designar sobrinhos (Cro 23,21-22), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19, 13-14 e no 42,11). No Livro do Gênesis, Abraão chama Ló de irmão (Gn 13,8), porém Ló é seu sobrinho, filho de Harã (Gn 11,27).
No Novo Testamento fica muito claro que os “irmãos de Jesus” não eram filhos de Maria. Em Marcos 6,3 “Não é este o carpinteiro, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não estão suas irmãs aqui junto a nós?”
Porém Tiago é filho de Alfeu (Lucas 6,15) e Judas é filho de Tiago (Lucas 6,16) e o tal José é irmão de Tiago (Mt 27,56). Esta Maria, mãe de Tiago a José, é esposa de Cléofas (Jo 19,25) e nunca foi mulher do carpinteiro, pai adotivo de Jesus, esta Maria é irmã de Nossa Senhora (Jo,25). Quanto a Simão, seus pais não são citados, provavelmente era irmão de Tiago José e Judas. Não procurem chifre em cabeça de cavalo.
Para o sentido mais amplo da palavra “irmãos” (meio-irmão, conterrâneo, vizinho, discípulos) veja em Mateus 5,47; 7,3-5; 14,3; 18,15 e 28,10.
E mais ainda, os supostos “irmão de Jesus” nunca foram chamados “filhos de Maria” e como sabemos a Sagrada Família era formada de três pessoas: José, Maria e Jesus como bem descrito em Lucas 2,41-52).
Vamos pensar um pouco, se Maria tivesse outros filhos, Jesus, na cruz, não teria deixado sua mãe aos cuidados do "discípulo amado”, que nem era de sua família, mas teria deixado com os “filhos de Maria” como manda a lei mosaica.
Para se aprofundar mais no tema, recomendo uma leitura sobre a “virgindade perpétua de Maria”, que é dogma mariano!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Sudário dobrado (enrolado) dentro do túmulo vazio de Jesus!

Significados:
Sudário enrolado (dobrado). João 20,6-7
 - Em primeiro lugar, a maneira que o túmulo foi deixado, “não poderia ser obra humana e que Jesus não havia simplesmente retornado à vida terrestre, como aconteceu com Lázaro” (CIC 640). Significando que Jesus não precisa mais desses panos, diferente de Lázaro (Jo 11,44) que saiu do sepulcro com as vestes mortuárias. Jesus ressuscitado não morre mais; sua ressurreição é vitória sobre a morte. Era para quebrar a mentira criada pelos romanos que o corpo de Jesus tinha sido roubado. Qual ladrão entraria no sepulcro, roubaria o corpo e teria um cuidado todo especial em dobrar os panos que envolviam o corpo de Jesus? Primeiro que levariam os panos juntos, mas se não quisessem levar os panos eles iriam deixar jogados, pois tudo seria feito às pressas. Então, Pedro e João, ao verem os panos já se dão conta que Jesus tinha ressuscitado. Esse fato realça a fé deles.
 - Outro significado, esse mais profundo, é que nos costumes judaicos os panos dobrados era um sinal entre o senhor e seus servos. Os servos sempre ficavam atentos a tudo o que seus patrões faziam, e queriam atender da melhor maneira possível. Sendo assim, quando se faziam as refeições, os servos colocavam os panos, lenços, dobrados sobre a mesa para que o seu patrão limpasse as mãos e tal. Caso o senhor saísse da mesa e deixasse os panos dobrados significa que ele ainda não tinha terminado a refeição e que voltaria. Caso o senhor tivesse deixado os panos todos bagunçados, ou seja, tinha usado para limpar-se, queria dizer que tinha finalizado a refeição e que os servos poderiam retirar a mesa. Com esse gesto simples, Jesus deixa uma mensagem: “A morte não foi o fim, eu venci, estou vivo”.
- Temos também outro significado importante, que é a questão das leis judaicas e costumes judaicos, sobre os quais Jesus sempre frisou que não veio para revogar a antiga lei, mas sim, dar pleno cumprimento a ela (Mateus 5,17-18). E um costume, usado pelo povo judeu, até hoje, é sepultar os corpos envolvendo-os em panos. Jesus foi sepultado nos costumes judaicos, envolvido em panos. Dessa forma, Jesus não joga de qualquer jeito os panos (os costumes judaicos) mas os dobra cuidadosamente para significar que agora temos coisas novas, é uma nova e eterna aliança. Jesus cumpriu a Lei, mas por causa do “zelo” que os religiosos da época tinham para com a Lei, Ele foi morto sob acusação de blasfêmia. Mas Jesus dá pleno cumprimento da Lei e a supera, ressuscita. Jesus deixa ali no sepulcro os motivos que o levaram à morte e segue em frente, reafirmando que o perdão foi dado a quem O matou.

Pedro Debarba - Teólogo Católico

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A Bíblia surgiu da Igreja!

A maior fonte histórica Cristã da antiguidade Cristã são os textos escritos. O cristianismo desenvolveu seus escritos logo nos primeiros séculos. Uma riquíssima tradição literária, e digo que é a maior tradição literária de todos os tempos. Para compreender o cristianismo dos primeiros séculos devemos ler os Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo. Mas quem disse que essas cartas estão certas não aquelas? A Igreja de Roma, o Papa disse. E aí vamos ter uma distinção básica entre ortodoxia e heresia. A Igreja Católica é a base da civilização ocidental, é uma síntese articulada entre o Judaísmo e a cultura greco-romana. O Magistério da igreja, “magister” mãe, é que normatiza através de um documento escrito (as bulas, as Encíclicas ou as constituições pastorais ou dogmáticas) e diz: "Isso é verdade de fé". Os protestantes afirmam que só as escrituras são fundamento de fé. Aí tem uma grande diferença com a Igreja católica, porquê? Porque a Escritura, a Bíblia, é um livro da Tradição que foi estabelecida pelo Magistério, o qual canonizou os livros, cânon é regra, norma. Dessa forma disse: "Evangelho de Mateus?", "Aprovado"; "Evangelho de Lucas?", "aprovado". Por exemplo, haviam vários livros do Apocalipse, pois o gênero apocalíptico era muito comum na época, mas porque o apocalipse de São João, pois quem disse que deveria ser esse foi a Igreja de Roma. Desde o princípio a igreja de Roma diz o que é e o que não é a partir de sua experiência histórica. A tradição é o transcurso temporal que confirma quais são os textos Bíblicos adequados. Quem juntou a Bíblia? Quem reuniu os textos e chamou esses textos de bíblia? A Igreja romana. Só no Antigo Testamento temos mais de mil anos de escritos, de textos, dos quais a Igreja compilou e disse: São esses aqui. Agora chegamos no ponto que muitos protestantes gritam, esbravejam e resmungam, vamos lá. A Igreja precede à Bíblia. A Bíblia surgiu da Igreja. A igreja não surgiu da Bíblia. Ninguém cria uma igreja com livro, você cria uma igreja com uma tradição. A Bíblia já é o resultado da autoridade magisterial e tradicional da igreja de Roma, a qual diz quais livros entram e quais livros saem dessa coleção.